O que significa construir uma educação integral? A quem se destina essa educação? Essas perguntas que parecem fáceis de responder envolvem perspectivas políticas, sociais e pedagógicas diversas que podem até mesmo serem contrárias umas às outras.

Parece, ainda, que a educação integral é algo novo. Dessa forma, muitos a consideram uma solução atual para os problemas tão antigos de nossas escolas, como por exemplo: a melhoria da qualidade de ensino, a garantia da permanência dos alunos na escola, a criação de novos espaços de aprendizagem, a formação do sujeito em suas várias dimensões. Mas será que a Educação Integral vem conseguindo mesmo abranger essas questões? De que forma ela vem se configurando em nosso país? Será que essas são questões inéditas ou já tentaram respondê-las e propor alternativas de realização anteriormente? Quais foram as iniciativas nesse sentido?

Desde o início do século passado, várias tentativas foram feitas a favor da educação integral em nosso país. Trata-se de um discurso que vem sendo contemplado de diferentes formas ao longo da história da educação, associado a diferentes projetos de sociedade e com concepções e finalidades bem distintas.

Em decorrência dessa diversidade de propósitos e concepções, vamos, a partir desse material, conhecer algumas experiências que aconteceram em nosso país a partir do início do século XX. Acreditamos que, dessa forma, podemos entender melhor o que acontece na atualidade, quais os motivos de existirem tantas divergências sobre como construir uma Educação Integral e quais os focos atuais das discussões e propostas para sua implementação.

A Educação Integral ao longo da história da educação brasileira a partir do Século XX

Como foi pensada a educação no século passado? Podemos falar em educação integral neste período? Que concepções existiram? Para compreendermos melhor essas concepções, apresentamos alguns movimentos ocorridos ao longo da educação brasileira a partir do início do século XX, que privilegiaram iniciativas a favor da educação integral das crianças e dos adolescentes. Destacamos, assim, nesses movimentos, as experiências, o contexto histórico no qual se desenvolveram e as concepções políticas e pedagógicas que as nortearam.

Você sabia que no início do século XX, existiu um movimento em vários países que procurava modificar a sociedade de maneira radical, combatendo o capitalismo e almejando a destruição do Estado e que era chamado de Movimento Anarquista? Os anarquistas consideravam os indivíduos como unidades independentes, capazes de produzir em uma perspectiva de autogestão, sem a sustentação política ou religiosa.

No período da primeira república (1889 – 1930), tal movimento foi impulsionado, no Brasil, principalmente, pela imigração italiana, recebendo a contribuição de intelectuais brasileiros e de imigrantes espanhóis e portugueses. Os anarquistas discutiam os valores tradicionais da sociedade e buscavam a transformação dos valores presentes na consciência do homem contemporâneo a partir de algumas ações, entre elas algumas no campo educacional. Mas, por que era tão importante para os anarquistas modificar também a escola?

Nesta época, existiam no Brasil aproximadamente 85% de analfabetos; devido a esse número, era difícil fazer circular a propaganda anarquista nos meios populares e operários, uma vez que esses setores eram os mais atingidos pela falta de escolarização. Para que as ideias anarquistas fossem divulgadas, muitas vezes tornava-se necessário que os jornais e boletins fossem lidos em voz alta para que os métodos de luta fossem apreendidos. Para eles, então, a ação educacional era imprescindível para a transformação das relações sociais e econômicas, com a intenção de instituir uma sociedade fraterna, igualitária e democrática.

A criação de escolas que seguissem o modelo pedagógico proposto pelos anarquistas era uma estratégia considerada importante na luta para a transformação profunda da sociedade. Nessa concepção, não adiantava implantar um novo tipo de governo ou modelo econômico, caso o homem não promovesse uma mudança radical nos seus valores. Por isso, a importância de se criar um modelo pedagógico baseado na liberdade e na igualdade, que eliminasse as relações autoritárias presentes na escola tradicional à época.

Um dos pensadores que mais influenciou esse modelo pedagógico foi o espanhol Francisco Ferrer y Guardia (1849-1909). Para Ferrer, a escola deveria ser frequentada por crianças de ambos os sexos, uma novidade naquele tempo, para desfrutarem de uma relação de igualdade desde cedo. A concepção burguesa de castigos, repressão, submissão e obediência deveria ser substituída pela ideia de formação do novo homem e da nova mulher, privilegiando a sua educação integral. Partindo desses princípios, são criadas escolas anarquistas no início do século XX: as Escolas Modernas no Brasil, no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Belém do Pará. Nesse período, se acentuou o debate sobre o papel social e político da escola. Mas como era o currículo numa escola anarquista? Como elas se propunham a funcionar?

Em primeiro lugar, temos que compreender que, para os anarquistas, a escola era apenas um dos meios para educar o indivíduo. Tal concepção já extrapolava, e muito, o que se considerava o papel da escola: educar era mais do que apenas os processos de escolarização.

O projeto educativo das Escolas Modernas pautava-se na tríade: educação formal, entendida como aquela que é realizada na escola, através de conhecimentos sistematizados através de um currículo, com disciplinas estabelecidas; a educação informal, a qual abrange todas as formas e possibilidades educativas presentes no cotidiano; a educação não-formal, caracterizada por não fixar tempo e local, e ser flexível na escolha dos temas, embora possua perceptível organização, ao fornecer informações, provocar debates e reflexões.

As Escolas Modernas de São Paulo, desde a sua fundação, em 1912, já traziam novidades: atendiam meninos e meninas em turmas mistas. Sua proposta curricular abrangia leitura, caligrafia, gramática, aritmética, geografia, geometria, botânica, geologia, mineralogia, física, química, história, desenho, datilografia, entre outros conteúdos. Para as meninas, além de todas as disciplinas mencionadas, era oferecido o curso de costura e de bordado. Também eram realizadas excursões para que os alunos e alunas tivessem contato com a realidade cotidiana. O horário de funcionamento dessas escolas era assim organizado: Ensino Primário e Médio para crianças e jovens (das 11h às 16h) e adultos (das 19h às 21h). A escola era paga, diferenciando os valores das parcelas para alunos iniciantes e avançados, bem como para os adultos que frequentavam o curso noturno.

Outro aspecto que demarcava a diferença da proposta pedagógica das Escolas Modernas em relação às escolas de modelo tradicional era o incentivo à leitura e à produção de periódicos. Essa proposta era uma tentativa de preparar os alunos não apenas para o trabalho, como também para a reflexão e militância. Como exemplo, podemos citar o jornal, “O Início” que era editado pelos estudantes e apresentava as intenções da escola que era propiciar uma...

...educação aliada a uma instrução de acordo com a razão e a verdade (...) cultivar os sentimentos de amor pela paz, pela instrução, pelas letras e pela humanidade, fazendo despertar na infância o desejo de uma vida fraternal, humana, livre dos prejuízos, resultantes das convenções sociais.O Início, apud LUIZETTO, 1986, p.36 apud MARTINS (disponível em: HISTEDBR - Unicamp acesso em 04 de junho de 2010), p.10

O Integralismo foi um dos mais significativos movimentos de massa ocorrido no Brasil na década de 1930. Com uma matriz ideológica divergente do que propunha o movimento anarquista, o movimento integralista, lançado em 1932 por Plínio Salgado, com o “Manifesto de Outubro”, oferecia ao povo brasileiro propostas de renovação nacional e o início de uma intensa pregação nacionalista, patriótica e cristã. Que propostas de educação esse movimento defendia para a sociedade? Em que se diferenciava da concepção dos anarquistas? qual a relação dessas propostas com a Educação Integral?

O movimento integralista defendia o que chamavam de uma Educação Integral, com base em princípios como a espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina. Sinalizava para uma política conservadora, tanto social quando educacional. Como nos afirma Coelho (Disponível em INTEGRALISMO, ANOS 30: UMA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INTEGRAL acessado em 10 de abril de 2010), para os integralistas, a educação era uma ação que visava à formação do homem por completo: física, científica, artística, econômica, social, política e religiosamente. Contemplando todos esses aspectos, a escola consolidaria uma concepção de Educação Integral. Para a autora, “essa concepção comporta um forte componente moralista, em que as verdades fundamentais do movimento são sempre trazidas à tona, consolidando visão altamente reprodutora na relação educação-ensino”.

Os estudos de Cavalari (1999) também mostram que a ideia de educação integral para o homem integral era uma constante do discurso integralista, conforme podemos comprovar a partir de depoimentos dos próprios signatários do Movimento Integralista, citados no trabalho dessa mesma autora:

O verdadeiro ideal educativo é o que se propõe a educar o homem todo. E o homem todo é o conjunto do homem físico, do homem intelectual, do homem cívico e do homem espiritualAIRES, in CAVALARI, 1999, p.46

A educação integral (...) não pode se despreocupar de nenhuma de suas facetas; deve ser física, científica, artística, econômica, social, política e religiosaPAUPÉRIO e MOREIRA, in CAVALARI, 1999, p.47

Mas como era uma escola nesta concepção? Segundo Barbosa (2006), as escolas integralistas forneciam cursos de alfabetização para todas as idades, além de cursos profissionais, funcionando em alguns núcleos cursos de corte e costura, enfermagem, datilografia, taquigrafia, entre outros, instrumentalizando a obra cultural do movimento em favor da propaganda das ideias integralistas. Para o autor, ao procurarem o ensino gratuito da escola integralista, os estudantes encontrariam os ensinamentos da ideia sacrossanta de Deus, Pátria, Família.

Essas experiências mostram-nos que os integralistas refletiam sobre a educação integral, atribuindo-lhe uma natureza diversa daquela proclamada pelos anarquistas. Os anarquistas, com o princípio da igualdade e da verdade humanas, faziam uma clara opção pelos aspectos emancipadores da formação humana. Já os integralistas, ao enfatizarem a espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina, explicitavam aspectos da formação humana de cunho mais conservador.

Outro movimento que teve grande repercussão na história da educação brasileira foi o movimento conhecido como Escola Nova, que visava à renovação do ensino e que foi especialmente forte na Europa, na América e no Brasil, na primeira metade do século XX. O grande nome do movimento na América foi o filósofo e pedagogo John Dewey (1859-1952). Que concepções norteavam a chamada Escola Nova? Que importância pode ter para compreendermos melhor a proposta de Educação Integral?

O ideário da Escola Nova acenava que o papel do professor não seria mais o de um transmissor ativo, e sim um facilitador de aprendizagem, em que o aluno é um “ser ativo”, centro do processo de aprendizagem. Como facilitador da aprendizagem, o professor deve esforçar-se por despertar o interesse e provocar a curiosidade nos alunos. Dessa forma, a iniciativa e a espontaneidade são valorizadas, e se fomenta o respeito pelo ritmo de cada aluno nas suas atividades. Em programas e horários maleáveis, são estimuladas as pesquisas e experiências, privilegiando, assim, a pedagogia do fazer. A avaliação é considerada apenas uma das etapas da aprendizagem, visando não somente aos aspectos intelectuais, mas especialmente às atitudes e à aquisição de habilidades.

Para John Dewey, a prática e a democracia são importantes ingredientes da educação. Assim, a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas sim, a própria vida. A educação deve ter como eixo norteador a vida-experiência e a aprendizagem, reiterando que a função da escola é propiciar uma reconstrução permanente da experiência e da aprendizagem dentro da vida de cada indivíduo.

Em franca oposição aos modelos tradicionalistas de educação, Dewey sempre considerou que as escolas deviam deixar de ser apenas locais de transmissão de conhecimentos e tornar-se pequenas comunidades. Sobre uma escola dirigida por Dewey na Universidade de Chicago, no final do século XIX, salienta Lourenço Filho (1950, p.133):

"As classes deixavam de ser locais onde os alunos estivessem sempre em silêncio, ou sem qualquer comunicação entre si, para se tornarem pequenas sociedades, que imprimissem nos alunos atitudes favoráveis ao trabalho em comunidade".

As ideias e concepções de Dewey sobre a educação tiveram grandes repercussões no Brasil, inspirando o movimento Escola Nova, principalmente na primeira metade do século XX. Nesse período, vários educadores destacaram-se como seguidores dessas ideias e são hoje considerados nomes importantes de nossa história pedagógica, tais como Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1900-1971). Mas como esse movimento marcou a nossa educação?

Um marco importante desse movimento no Brasil foi a divulgação de um documento intitulado A reconstrução educacional no Brasil: ao povo e ao governo;escrito por 26 educadores, em 1932, com o objetivo de oferecer diretrizes para uma política de educação nacional. Tal documento teve muita repercussão na época e ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932. Segundo o texto do Manifesto, a Educação Nova propunha

"servir não aos interesses de classes, mas aos interesses do indivíduo, e que se funda sobre o princípio da vinculação da escola com o meio social".

Manifesto defendia, ainda: educação como uma função essencialmente pública; que a escola deve ser única e comum, sem privilégios econômicos de uma minoria; que todos os professores devem ter formação universitária; que o ensino deve ser laico, gratuito e obrigatório. A educação era vista como instrumento de reconstrução da democracia, permitindo a integração dos diversos grupos sociais. Um dos principais educadores a assinar o Manifesto foi Anísio Teixeira. Vejamos a sua obra, pois assim acreditamos que podemos compreender melhor a sua importância como humanista e educador.

Ultrapassando fronteiras

Faça o download do texto completo do Manifesto, a Educação Nova.

Flashes de viagem

Para conhecer um pouco das idéias de Anísio Teixeira, assista ao Vídeo abaixo: “Anísio Teixeira: educação não é privilégio”. (Série Educadores Brasileiros; Parte 2) – 22min.

Episódio da série Educadores brasileiros, da TV Escola. Mostra a vida e a obra do educador Anísio Teixeira. Apresenta relatos de ex-alunos da Escola Parque, fundada por Anísio Teixeira, o período que foi reitor na Universidade de Brasília e toda a influência que exerce na pedagogia brasileira.

Faça o download do vídeo no site Domínio Público ou assista no Youtube ( parte 1 | parte 2 | parte 3 | parte 4 | parte 5 ).

Anísio Teixeira, além de grande educador, também fez parte do Governo Federal e Secretarias de Governos Estaduais. Tal fato permitiu que colocasse em prática as concepções teóricas da Escola Nova – construção de escolas que seguissem as ideias principais de Dewey – além de ser responsável pela criação do Instituto Nacional de Pesquisa e Estudos Educacionais (INEP), que hoje leva seu nome. A partir dos anos 1950, Anísio Teixeira constroi escolas-modelo para a consolidação de uma proposta de educação baseada nos princípios conceituais do escolanovismo. Já nessa época, afirmava que as novas responsabilidades da escola eram educar, em vez de instruir, formar homens livres e ensinar a viver com mais inteligência e mais tolerância. Assim, além da aprendizagem das ideias e dos fatos, também se aprenderiam atitudes, ideais e senso crítico.

Como seria a organização de uma escola segundo esse modelo? Ao pensar na implementação de um Sistema Público de Ensino para o país, Anísio propunha uma educação em que a escola

"desse às crianças um programa completo de leitura, aritmética e escrita, ciências físicas e sociais, e mais artes industriais, desenho, música, dança e educação física, saúde e alimento à criança, visto não ser possível educá-la no grau de desnutrição e abandono em que vivia”. TEIXEIRA, 1959

Com essa concepção, inaugurou o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, implantado em Salvador, na Bahia, na década de 1950, quando ele ocupava a Secretaria de Educação do Estado (1947-1951).

Mas o que o Centro Educacional Carneiro Ribeiro tinha de inovador?

Seguindo trilhas

No Centro Educacional Carneiro Ribeiro, as atividades curriculares, historicamente entendidas como escolares, eram trabalhadas nas Escolas Classe, e outra série de atividades aconteciam no espaço que o educador denominou deEscola Parque, em turno oposto daquele ao qual o aluno tinha sua jornada regular na escola. No Centro, tinha quatroEscolas Classe e uma Escola Parque, segundo a proposta de alternar atividades intelectuais com atividades práticas como artes aplicadas, industriais e plásticas, além de jogos, recreação, ginástica, teatro, música e dança, distribuídas ao longo de todo o dia. A concepção do projeto arquitetônico previa a integração da escola ao desenvolvimento urbano da área em que estava situada.

A ideia de Escola Parque fazia parte do projeto de reformulação do ensino da Bahia, que previa a construção de centros populares de educação em todo o Estado para crianças e jovens até 18 anos. O objetivo das Escolas Parque era ofertar aos estudantes uma educação integral, cuidando da sua alimentação, higiene, socialização e preparação para o trabalho e cidadania. Porém, a única escola concluída foi o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador.

Outras experiências nessa direção surgem em Brasília, nos anos 1960, em meio ao movimento de criação da cidade; vários centros educacionais foram construídos com essa mesma concepção. O educador Anísio Teixeira, compunha, junto com outros educadores, uma comissão que se responsabilizou pela criação e organização do Sistema Educacional da Capital Federal, que pretendia, segundo o Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, tornar-se um modelo educacional para todo o Brasil. Para o nível educacional elementar, foi concebido um modelo de Educação Integral, inspirado na experiência do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, de Salvador. Dentre as experiências criadas em Brasília, nesses moldes, havia a Escola Classe, os Jardins de Infância e a Escola Parque; de forma semelhante à experiência anterior, era destinada a receber os alunos das Escolas Classe, no turno complementar, para o desenvolvimento de atividades físicas, esportivas, artísticas e culturais.

Ultrapassando fronteiras

Faça aqui o download do artigo de Marcos Von Zuben, De John Dewey a Anísio Teixeira: o Pensar Reflexivo como Tarefa Educacional.

Desde o lançamento do Manifesto dos Pioneiros da Educação, em 1932, intensifica-se a defesa de uma educação popular, que já acenava para uma ampliação do sistema público de ensino, incorporada ao princípio da universalização da escola para todos. Além disso, já se percebia, no texto do Manifesto, a importância de se envidarem esforços coletivos entre os vários níveis de Governo, para a construção de uma escola voltada para os interesses da população, principalmente aquela marginalizada socialmente.

A partir da década de 1950, como parte das intensas mobilizações sociais e políticas reinantes no país, diversos movimentos articulados à educação e cultura foram criados e disseminados. Esse período é marcado pela construção de um ideal em torno da educação popular, advinda principalmente da ampliação das campanhas da Educação de Jovens e Adultos e do meio rural, realizadas no fim da década de 1950.

Como esse movimento ganha força e importância? A educação, entendida como um direito e caminho para incluir e integrar a população historicamente marginalizada dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais, ganha um novo e importante fôlego no início da década de 1960. A proposta do que seria a Educação Popular começa a ser encaminhada em 1958, com o II Congresso Nacional de Educação de Adultos. No Seminário Regional de Pernambuco, que preparava para o Congresso, Paulo Freire, como relator do tema A educação dos adultos e as populações marginais: o problema dos mocambos, defendeu “a educação com o homem”, denunciando a então vigente “educação para o homem”. Ele defendeu a substituição da aula expositiva pela discussão, demonstrando preocupação com as metodologias e, principalmente, com o lugar social, político, educacional e de autoridade a ser assumido pelos educadores e educandos.

Em 1960, quando Miguel Arraes assume a prefeitura de Recife, convida intelectuais, sindicalistas e o povo em geral a se engajar em um movimento de divulgação cultural chamado Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP). O MCP tinha como objetivo realizar uma ação comunitária de educação popular, além de formar uma consciência política e social nos trabalhadores, preparando-os para uma efetiva participação na vida política do país. Paulo Freire foi um dos convidados e, no MCP, fez suas primeiras experiências no campo da alfabetização de adultos. No final de 1962, o MCP já contava com quase 20.000 alunos divididos em mais de seiscentas turmas, distribuídos entre duzentas escolas isoladas e grupos escolares; uma rede de escolas radiofônicas; um centro de artes plásticas e artesanato, com cursos de cerâmica, tapeçaria, tecelagem, cestaria, gravura e escultura; uma escola para motoristas-mecânicos; cinco praças de cultura, com bibliotecas, cinema, teatro, música, orientação pedagógica, recreação e educação física; um Centro de Cultura que oferecia cursos de corte e costura e alfabetização; círculos de cultura; uma galeria de arte e um grupo teatral.

Seguindo trilhas

Em 1960, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, desponta a Campanha de Pé no Chão também se Aprende a Ler, com o propósito de erradicar o analfabetismo na cidade. Assim, criam-se várias estratégias de ações na direção do propósito da Campanha. A criação de um Centro de Formação de Professores, em conjunto com centros e praças de cultura, assume a preparação do magistério municipal. A iniciação ao trabalho é assumida com a Campanha de Pé no Chão também se Aprende uma Profissão. Para Moacyr de Góes, Secretário Municipal de Educação de Natal, à época, a educação não ocorre apenas nos prédios escolares, surgindo as bibliotecas populares e programações diárias em rádios locais. Ao desvelar que a escola não é o prédio escolar, ensinou-se a crianças, a jovens e a adultos em acampamentos cobertos de palha de coqueiro e sobre chão de barro batido.

Campanha De Pé no Chão acrescenta uma série de possibilidades à escolarização nos Acampamentos: as Praças de Cultura; as bibliotecas populares; os círculos de leitura nos Acampamentos; os Círculos de Cultura Paulo Freire; os programas radiofônicos diários; o teatro; o coral; os jograis; as edições de cartilhas para adultos e de literatura de cordel; a mobilização dos grupos de representação de autos populares, cantos e danças folclóricas.

Ultrapassando fronteiras

Apresentamos a cronologia dos quatro importantes movimentos de educação popular:

  1. O Movimento de Cultura Popular (MCP), criado em maio de 1960, sob o patrocínio da Prefeitura do Recife, como sociedade civil autônoma;
  2. A Campanha De Pé no Chão também se Aprende a Ler, deflagrada pela Secretaria Municipal de Educação de Natal, em fevereiro de 1961;
  3. O Movimento de Educação de Base (MEB), lançado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em convênio com o Governo Federal, em março de 1961; e
  4. O Centro Popular de Cultura (CPC), criado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), em abril de 1961.

Para conhecer mais sobre os movimentos, leia o texto:

GÓES, Moacyr. Educação Popular, Campanha De Pé No Chão Também Se Aprende A Ler, Paulo Freire & Movimentos Sociais Contemporâneos. Disponível para download aqui.

O pensamento e as ideias de Paulo Freire apoiam-se em três eixos: o diálogo na relação educador/educando, marcado pela participação de ambos na problematização da realidade e na busca de explicações para as situações encontradas; o respeito ao saber popular, ir ao contexto de quem seria alfabetizado, pesquisar seu discurso e de lá retirar o vocabulário a ser usado; e a dimensão política da educação, isto é, a ação educativa articula-se com os diversos movimentos que visam à formação do sujeito para sua atuação crítica no contexto social. Dessa forma, compreendem-se as relações entre a educação e a cultura de forma profunda, quando se destaca que não é possível separar o saber da experiência que cada pessoa carrega consigo para a construção de umsaber mais, que vá além da mera alfabetização e que conta com a participação dos próprios educandos, sujeitos produtores de cultura, na construção de alternativas educacionais.

Em síntese, Freire propõe uma educação enraizada na realidade social, política e econômica, com uma metodologia voltada ao diálogo que leve o homem a refletir sobre sua situação e si mesmo. Aponta a importância de uma educação que promova nos estudantes a conscientização da realidade para efetivar transformações. Essa educação é fundamentada no diálogo, na liberdade, na democracia e na justiça.

Conheça um pouco mais dos ideais de Paulo Freire.

Flashes de viagem

Assista ao Vídeo: Paulo Freire Contemporâneo fazendo o download a partir do site Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br)

Parte1 - Download aqui

Parte2 - Download aqui

No processo de redemocratização do país, os movimentos sociais começam a se organizar reivindicando direitos da sociedade em geral. Em consonância com essas reivindicações e seguindo uma tendência mundial, defendem que a educação é direito público e dever do Estado. A questão da democratização mediante a promoção da descentralização, da autonomia e da flexibilidade,impõe a necessidade de se construir uma escola menos discriminatória, que abarque, em seu interior, culturas diversas, e desenvolva plenamente as várias dimensões formadoras do fazer humano.

Mas, perceber esses alunos que chegam à escola como sujeitos requer propostas de mudanças, como a revisão dos currículos oficiais e daqueles praticados na escola, das formas de organização escolar, bem como dos critérios de avaliação dos alunos. Que experiências surgem nesse momento? Destaca-se, nesse contexto, uma das experiências de escolarização em tempo integral, que é posta em prática no Rio e Janeiro, com a criação dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs).

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Os CIEPs, instituições idealizadas para a experiência de escolarização em tempo integral voltadas para as crianças das classes populares, funcionaram no período de 1983 a 1987, por Darcy Ribeiro , quando era Secretário da Educação no Rio de Janeiro, no governo de Leonel Brizola. O objetivo era proporcionar aos alunos, educação, esportes, assistência médica, alimentos e atividades culturais variadas, em prédios escolares que obedeciam a um projeto arquitetônico específico. Muitos acreditam que, para criar os CIEPs, Darcy Ribeiro havia se inspirado no projeto Escola Parque de Salvador, de Anísio Teixeira.

Na concepção de Darcy Ribeiro, os CIEPs atendiam aos três requisitos essenciais de uma escola popular eficaz. O primeiro refere-se ao espaço para a convivência e às múltiplas atividades sociais durante todo o período da escolaridade, tanto para as crianças como para os professores. O segundo diz respeito à ampliação da jornada escolar dos alunos. Essa disponibilidade de tempo possibilitava a realização de várias atividades educativas, como as horas deEstudo Dirigido, a frequência à biblioteca e à videoteca, o trabalho nos laboratórios, a educação física e a recreação. Por fim, o terceiro requisito trata da capacitação do magistério, pois só através do professor e de seu preparo adequado, a escola alcança com todos os seus alunos o domínio essencial dos instrumentos de comunicação social e cultural.

Flashes de viagem

Assista ao vídeo: CIEP: a Escola que o Brasil precisa (9 minutos)

Ultrapassando fronteiras

Veja no texto: CIEPs e GPs Balanço crítico de uma Experiência Educacional, o que Darci Ribeiro fala da experiência dos CIEPs no Rio de Janeiro. Faça o download aqui.

Disponível também em: http://www.fundar.org.br/darcy_educa_ciep-gp_balancritico.htm

No Brasil, vários movimentos de renovação pedagógica tiveram seu ápice em meados da década de 1990, visando qualificar o atendimento educacional, sobretudo nas escolas públicas. Algumas propostas educacionais passam a reorganizar os seus tempos e espaços, adotando os ciclos de formação, ancoradas em um discurso sobre a necessidade de se construir uma escola de direitos e voltada para a formação integral de seus sujeitos. Que propostas são essas? O que elas trazem de novidade?

Escola Cidadã foi uma experiência que surgiu em Porto Alegre, em 1994, criada pela Secretaria Municipal de Educação. Para a implementação da reestruturação curricular, desencadeou-se um processo de discussão sobre a "escola que temos" e a "escola que queremos" por toda a comunidade escolar; constituída de quatro segmentos: pais, alunos, professores e funcionários. O objetivo de tais discussões foi conhecer quais eram, na perspectiva da comunidade escolar, os mais sérios entraves e quais eram os desejos e as suas aspirações em relação à escola. A partir daí, a proposta curricular teve como eixos norteadores

"a democratização da gestão da escola; princípios de convivência; concepção de currículo e conhecimento; avaliação" MORAES, 2009

A Secretaria formulou uma proposta curricular e apresentou-a às escolas, que poderiam, ou não, aderir a ela. Tal experiência passou por modificações constantes, mas se manteve como proposta político-pedagógica, até 2004, quando outro partido político assumiu a Administração Municipal da cidade do Rio de Janeiro.

A Escola Plural, implantada em 1995, na cidade de Belo Horizonte, aborda questões cruciais da prática educacional: uma nova visão de educação pública, um novo papel de escola e alunos como sujeitos de direitos. Essa proposta surge ancorada nas práticas desenvolvidas nas escolas do município que buscavam, desde o movimento de renovação pedagógica da década de 1980, rever os princípios, metodologias e critérios de avaliação que justificavam os processos de exclusão escolar e, dessa forma, pensar os direitos de inclusão e de proteção social a serem exercidos em todos os espaços estruturais do cotidiano. A Escola Plural apresenta, dentre seus eixos norteadores, a reorganização dos tempos e dos espaços escolares, a qual deve ser pensada em função de seus alunos. A discussão coletiva entre os profissionais, pais e alunos acerca das questões da escola possibilita que o aluno, ao ser considerado centro do processo educativo, tenha uma formação plena em todas as dimensões, isto é, as atitudes, os valores, os procedimentos e os conceitos das diversas áreas do conhecimento, sendo criadas, nesse processo, novas alternativas para a relação com o conhecimento na escola.

Também uma experiência educativa alternativa que adotou os ciclos de formação ocorreu durante a gestão de Cristovam Buarque (1997-2000), quando foi criada, em Brasília, a Escola Candanga. Esse projeto ofereceu oportunidades para a participação efetiva das famílias na escola, inclusive, proporcionando educação para pais e mães de baixa renda, procurando, dessa forma, estimular o desenvolvimento da comunidade como um todo.

Para Moraes (2009), o currículo da Escola Candanga amparava-se no princípio da reflexão, visando compreender a realidade aparente, como ela foi produzida histórica e socialmente, e quem seriam os agentes sociais que a transformariam. Além disso, pautava-se por uma perspectiva integradora, que procurava romper com a fragmentação do conhecimento e construir um ser humano ativo, com pensamento vinculado a um ambiente histórico e social. A proposta pretendia questionar a situação político social vigente, criticando, assim, as formas de poder. Em 2001, quando o governo de oposição assume o poder, a proposta deixa de orientar a política educacional do Distrito Federal.

Todas essas experiências pedagógicas que se configuraram como propostas alternativas de construção de políticas públicas em educação reconheceram o processo de ensino e de aprendizagem como um processo cultural, reorganizando os tempos e espaços escolares em função de seus alunos. A discussão coletiva entre os profissionais, pais e alunos acerca das questões da escola possibilitaram que o aluno, ao ser considerado centro do processo educativo, tivesse uma formação plena em todas as dimensões, isto é, as atitudes, os valores, os procedimentos e os conceitos das diversas áreas do conhecimento, sendo criadas, nesse processo, novas alternativas para a relação com o conhecimento na escola.

Os vários movimentos ocorridos ao longo da história da educação brasileira a partir da primeira metade do século XX, aqui apresentados, apontaram para várias concepções e mostraram algumas experiências realizadas, tudo isso anunciando o surgimento do conceito de Educação Integral. Todas essas experiências e concepções permitem afirmar que a Educação Integral caracteriza-se pela ideia de uma formação “mais completa possível” para o ser humano, embora não haja consenso sobre o que se convenciona chamar de “formação completa” e, muito menos, sobre quais pressupostos e metodologias a constituiriam. Apesar dessa ausência de consenso, é possível afirmar que as concepções de Educação Integral, circulantes até o momento, fundamentam-se em princípios político-ideológicos diversos, porém, com algumas proposições de atividades educativas semelhantes que visam à formação plena do sujeito em uma escola de tempo integral.

Hoje, quando se fala em educação integral, percebem-se diferentes concepções e práticas, alicerçadas em visões sociais de mundo, por vezes complementares, por vezes contraditórias. Além disso, é preciso levar em conta que as leis foram se modificando com o objetivo de incorporar os princípios de uma educação integral. Dessa forma, os marcos legais vêm se fortalecendo, principalmente após o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) em 2007, como veremos na próxima unidade.

Compartilhando impressões de viagem

Vários foram os movimentos ocorridos na história da educação brasileira, a partir da primeira metade do século XX. Tais movimentos denotam concepções diversas sobre a educação brasileira e sobre educação integral, mas, também há semelhanças em algumas das atividades educativas.

Assim, para concluir a unidade I, do Módulo II, propomos que você discorra sobre os diálogos existentes entre os movimentos e destes com a educação integral no nosso Fórum de discussão.

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO / ATUALIZAÇÃO: “EDUCAÇÃO INTEGRAL: ESCOLA E CIDADE”
MÓDULO 3 – DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NO BRASIL
UNIDADE 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Autores:

    Augusta A. Neves de Mendonça (Doutoranda em Educação – FAE/UFMG)
    Juarez Melgaço Valadares (FAE/UFMG)
    Lúcia Helena Alvarez Leite (FAE/UFMG)
    Juliana Abílio Pereira (Mestre em Educação)
    Hasla Pacheco (Mestranda em Educação – FAE/UFMG)

Referências bibliográficas:

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